terça-feira

Preciso de ti
Três palavras apenas
Três feridas sangrentas
Na existência amargurada de quem vive na ilusão…
Preciso de ti.
Jovem alegre e carinhosa como só tu sabes ser…
Preciso de ti.
Na confluência do meu sentimento com a minha dor
Preciso de ti.
No desabrochar intenso do meu sofrimento
Sofrimento que é amor!
Vem pois
Vem ter comigo
Cobre a minha noite de insónias
Ofusca a tortura dos meus pesadelos fúnebres
Elimina a ansiedade dos balões de oxigénio que, me permitem ainda sobreviver.
Ensina-me a ser feliz um minuto que seja
Ou um segundo apenas
Desde que a teu lado, contigo, falando-te ouvindo-te,
Beijando-te, amando-te
Como costumávamos fazer,
Sozinhos
No silêncio da escuridão trespassada pelos faróis
Dos automóveis que corriam
Indiferentes à nossa felicidade.
Indiferentes aos grilos que cantavam e aos pássaros
Que se amavam nas altas ramagens.
Vem
Vem e olha-me como costumavas olhar-me,
Sorri-me como costumavas sorrir-me
Abraça-me como costumavas abraçar-me
Ama-me como costumavas amar-me,
E como só tu o sabes fazer…
Vem
Porque preciso de ti
Imensamente, loucamente desesperadamente
Vem
E volta a fazer-me feliz por um segundo que seja,
Que nada mais interessa neste mundo,
A quem como eu,
Se não importa de reduzir toda a sua existência
A um simples segundo.


 Angola: 1972


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